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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

revista Piauí tem gente do PiG

Acompanhe os marcadores de P. H. Amorim sobre a entrevista da Piauí com o presidente Lula:

Por que dá “azia” ler o PiG: por causa das perguntas da Piauí

12/01/2009 |
Paulo Henrique Amorim
Conversa Afiada

. Fui ler a íntegra da entrevista que o Presidente Lula concedeu a Mário Sergio Conti, diretor da revista Piauí

. É importante ler a íntegra, porque lá estão as perguntas do entrevistador.

. No caso, não para saber se ele faz perguntas pertinentes: mas, para saber se ele sabe fazer perguntas.

. Conti é uma estrela de primeira grandeza do PiG (*).

. Dirigiu a Veja, foi da Folha (**), e agora dirige a Piauí, aquela revista que, segundo Sebastião Nery, é “de banqueiros para banqueiros”.

. Conti escreveu um livro, “Noticias do Planalto”, que Mino Carta chama de “Deserto que Fala”, e atribui a autoria ao “Soslaio”, porque ele não olha nos olhos do entrevistado.

. Em “Notícias”, Conti trata das relações de Collor com a imprensa.

. E, aí, TODOS os patrões se saem bem – e alguns jornalistas, mal.

. Sobre Roberto Marinho, então, Conti faz ao longo do livro elogios que chegam a dezenas…

. O PiG (*) está muito irritado, porque o Presidente Lula disse a Conti que não lê o PiG (embora devesse ler – e sobre isso o Conversa Afiada falará mais tarde -, porque tem azia.)

. Por exemplo, um colonista (***) da Folha (**) publica na pág. 2 de hoje “Dor de barriga”, para manifestar sua indignação

. As perguntas de Mario Sergio Conti (que ele omite no texto da Piauí) dão uma idéia da qualidade do PiG – a sua falta de respeito ao Presidente da República; as frases sem nexo; as perguntas que não fazem pergunta; a superficialidade das perguntas – “isso é confuso”; a incapacidade de fazer o follow-up (ou seja, extrair uma segunda pergunta de uma primeira resposta incompleta); e a omissão de um tema que quicava na frente do Presidente da República e de todos os brasileiros, naquele momento: a crise econômica.

. A entrevista de Conti é a de um aluno de primeira série de um curso de Jornalismo que o MEC mandou fechar.

. Vamos lá: “… o caso do seu filho… Ainda na campanha, quando o Paulo Henrique Amorim, na Bandeirantes, o apartamento, não sei o quê, aquilo deixou o senhor muito… O senhor entrou com um processo. (****)

. Que caso do filho?

. Que apartamento “não sei o quê”?

. Que processo?

- “O senhor, por exemplo, no caso do seu filho quando houve… a Veja falou que havia ligações, não sei o que… Isso deixa o senhor…”

. Que caso?

. Que ligações?

. Não sabe o quê?

. Deixa “o senhor o quê”?

. Adiante:

- “E quando o caso é enrolado ? Por exemplo, o negócio das telecomunicações. Que envolveu um monte de gente…. É um caso enrolado… O que se faz, enquanto não se tem uma decisão?”

. Caso enrolado?

. Enrolado para quem?

. Não tem nada de enrolado.

. Que decisão?

. Outra jóia rara:

- (Sobre a TV pública) “Eu vi uma entrevista ontem, lá, dos presidentes. Parece que é uma coisa chata pacas também, né?”

- “Em termos de Estado, Presidente, de governo… É legitimo, ou é bom, que o Governo tem (sic) que ajudar alguns órgãos de imprensa? Dois exemplos concretos: Caros Amigos tem anúncios de estatais; Carta Capital tem…”

. Mino Carta já respondeu a essa mentira (propagada originalmente por Diogo Mainardi): a Carta Capital tem MENOS anúncios de estatais, proporcionalmente, que a Exame!

. Pergunta: por que os bancos anunciam tanto na Piauí?

. Oura coisa, em termos de Estado OU de Governo.

. Ou para o entrevistador é tudo a mesma coisa…

. (A propósito: “é legitimo… que o Governo TEM…”. O subjuntivo não faz parte dos conhecimentos do entrevistador …)

. Outra jóia:

- “No geral, o senhor gosta de jornalista ou não? De conversar, ou acha chato pra cacete.”

. O entrevistador faria essa pergunta, nesses termos, a De Gaulle, Nicholas Sarkozy? A Barack Obama? A Fernando Henrique Cardoso? Hillary Clinton? Fidel Castro?

. Ou, com um metalúrgico pode…

. Ou, porque ele é da Piauí, pode dizer o que quiser?

- “Jornalisticamente (???), têm duas coisas no seu Governo que até agora que são, aí merecem… o negócio do mensalão, como é que surgiu isso, como foi coberto, como é que acabou? E a questão Daniel Dantas. São dois casos, jornalisticamente, Presidente, que ainda são muito misteriosos.”

. Jornalisticamente???

. “Jornalisticamente”, qual é a pergunta?

. Ele quer saber o quê?

. Estranha que, para Conti, o caso Daniel Dantas seja “misterioso”.

. Os leitores (poucos) da Piauí devem estar perplexos.

. Porque a Piauí publicou uma “reportagem” que transformou Daniel Dantas numa cruza de Papai Noel com Alberto Einstein.

. A resposta do Presidente Lula foi tão vaga (e inútil) quanto merecia a pergunta.

. A entrevista, de resto, é tão inútil que, na reportagem da Piauí, ocupa um terço do espaço…

Em tempo: Na revista Piauí, Conti faz uma revelação sensacional. O Presidente Lula tem agora um ilustre Ministro, todavia morto.

Paulo Henrique Amorim

Ouça a entrevista

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
(**) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

(***) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.

(****) Sobre o processo de Luis Inácio Lula da Silva contra a Bandeirantes e contra mim.

. Na Piauí, Conti diz: “(Lula) processou também a Rede Bandeirantes, que difundiu reportagens, na véspera da eleição de 1998, apresentadas por Paulo Henrique Amorim, afirmando que Lula usara de uma tramóia (sic) para comprar seu apartamento em São Bernardo. A emissora pediu desculpas ao presidente.”

. Não foi uma tramóia.

. A reportagem mostra que o Presidente Lula, com a ajuda de seu compadre Roberto Teixeira, comprou um apartamento em São Bernardo sem provar que tinha os recursos para dar o dinheiro da entrada.

. Luis Inácio Lula da Silva processou a Bandeirantes.

. Por sugestão de seu diretor José Roberto Maluf, a Bandeirantes contratou o advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira.

. Manoel Alceu obteve uma vitória retumbante, numa decisão que Manuel Alceu guarda em seu escritório como um dos momentos mais altos de sua carreira.

. Lula recorreu. E Manuel Alceu voltou a defender a Bandeirantes.

. Na eleição presidencial seguinte, o advogado de Lula disse à Bandeirantes que o cliente só iria ao debate dos candidatos à Presidência se a Bandeirantes retirasse a ação da Justiça.

. A Bandeirantes pediu a Manuel Alceu para providenciar a retirada da ação.

. Manuel Alceu disse que não faria isso: tinha conseguido uma vitória memorável e não ia, agora, desistir dela.

. A Bandeirantes contratou outra advogado.

. Retirou a ação.

. Lula foi ao debate.

. E, agora, Conti faz papel de sempre: o de um jornalista de primeiro ano de faculdade.

. O PiG e ele se merecem

fonte: FNDC
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