Bye, bye, Micarina Meio Norte?! Hi Piauí Pop Cidade Verde!?
A realizaçãode eventos culturais abrangentes e diversificados é um pressuposto de metropolização, poliestilizações e multiplicidade étnica-grupística. No Brasil consagram-se feriados extra calendário tradicional para algumas festas não-populares também, de cunho mais interativo e folkcomunicológico; dentre essas estão as micaretas e festivais artístico-musicais. No Nordeste, predominam eventos de expressividade regionalista, arraigada aos valores-hábito do corriqueiro festejo de totens e santos e paganismos rurais, associados a elementos academizados, civilizados e cepticizados nas vias urbanas: mesclagem de figuras ora costumeiros, proverbiais dos ditos e tidos populares, ora das expansões e atualizações dos centros conglomerados humanos capitolistas. Em nosso Meio-Norte, especificando em nosso Estado, o Piauí, tomamos exemplo prático para teorizar dois fenômenos midiático-culturológicos: a Micarina Meio-Norte e o Piauí Pop.
A Micarina Meio-Norte, nascida em inícios da década de 1990, contava com artistas de trio elétrico a tocar sons carnavalescos, desde a batucada meio africana, correndo também por sons samba-roque em alguns momentos, até a axé-music dos novíssimos baianos, e depois até alguns ritmos mais pagode. Intui-se qual seu público: uma massa de foliões e carnavalistas de todas as idades, predominância dada aos jovens, e de todos os lugares do Norte-Nordeste, mormente os locais, daqui de Teresina. A Micarina apresenta o sistema de venda de abadás e de outros pacotes de folkturismo para motivar a participação de grupos de caravaneiros doutros lugares e fortalecer a numerosidade de contempados pelo acontecimento. Estruturalmente existe a divisão dos blocos, cada um com caminhões de trio elétrico e grupos/bandas artísticos delimitados para cada tipo de abadá ofertado; em seguida, aparece bloco fora de capital (Teresina) para o litoral em Parnaíba, Luís Correia: Micarina versão Beach (praia). aparece após então uma versão fechada, indoor, que executa ritmos mais house, tecno, rave e eletric. Apetrechada também com programas de tv, rádio, jornal e site, a Micarina é então ameaçada por um de seus ex-organizadores, num evento pretencioso e inusitado...
O Piauí Pop eclode num cenário bastante propício e de irrefutável necesidade: carência de evento englobante do público apreciador de música popular brasileira e nordestina contemporânea, roquenrol, balanço eletrônico, reggae, folclórico, forró pé-de-serra, entre outros, diferenciados ou exauridos da micareta fora de época do grupo de Paulo Guimarães, sistema Meio Norte. Marcos Peixoto, o idealizador desse insurreto festival, era o testa de ferro feitor da Micarina que, por algumas divergências de direito e desentendimentos comerciais com o grupo da ex- Emissora de Comunicação Timon reage apresentando essa contra-proposta independente, alheia e pioneira no cenário cult piauiense. O Piauí Pop congregou e arregaçou os punhos na elaboração de um espetáculo novo, envolvente e duradouro: coisa que a MP&A já estava calejada e experimentada pela Micarina ao longo de mais de um sesquiênio(15 anos); restava elaborar um roteiro, um projeto piloto e mutante, o qual soube aproveitar a empresa sírio-libanesa dos irmãos Tajra com eloqüência e propriedade fantástica. O evento hoje encarna o espírito de show maduro, empreende uma maratona jovial e enérgica para conquistar adeptos, afiliados do passaporte Piauí Pop, com pacotes conjugados de várias marcas mercadológicas e esferas propagandistas ou de marketing tecnológico. Tanto que o canal Cidade Verde, em suas multimídias, desenvolve o ofício de hipnotizar e cercar o consumidor-alvo com estratégias exageradamente diretas, todavia eficazes, na epidemização da febre culturística. Tanto que o informativo da tevê, o Programa Pop, hoje F5, traz uma série de linkagens aos vaiegados sub-produtos e sub-itens acessórios mas com cara de principais e indispensáveis auxiliares da trupe aciganada para a Cidade do Rock, nos quintais e adjacências do Jóquei Clube de Teresina.
Assim, apresentados esses pormenores introdutivos, meio que pedagógicos...nos sugestiona o raciocínio jornalístico, a se perguntar algo do episódio: a Micarina foi traída e vencida por seu filho pródigo, um Judas reapaixonado pelas tendências mais pops ao invés das anteriores; ou foi apenas uma jogada de merchandising, de salto para outra vertente contextualizada com os recentes modificativos da moda cultuada pela sociedade na "selva mesopotense"? O plágio é um assunto cogitável,ou são categorias distintas de catequese midiológica, da venda auto-(in)formativa? Os associados dessa e daquela corrente da lazer e diversão, sabem explicar o que os leva a um ou a outro comportamento, de ideologizar a matrix que os programa? Entre outras figurações, o Piauí Pop é o sucessor natural ou artificial da Micarina?
Para quaisquer desses indagos ocorrem respostas, hipóteses e explicações plausíveis. Mas, no entanto, comparar é algo até mesmo falho para uma pesquisa de opinião tão disforme, antípoda; o mais correto proceder seria apresentar característicos de "quetal" e de "ental" ocorrência para checar e apurar o "sintal" da proposta de estudo pela materialidade histórico-dialética discursiva. A indústria cultural é dinâmica, logo o comprador de sua vendagem tem de primeiro testar amiúde o estoque vendável, para que se julguem as demandas e se estimatiza/afere o resultado, parcialmente mas averiguável.
Sirvam-se primeiro dessa cultura, em seguida à digestão e degustação, comentamos a refeição do lazer com aquela conversa!
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João Paulo Santos Mourão
08/07/2006
