E o quadrado mágico ficou na imaginação dos marketeiros futebolísticos ...
“...Passa do 1º quarto do segundo tempo de jogo. O juiz apita e aponta em direção à meta de Dida. Falta na intermediária lateral esquerda do ataque francês; Zidane cobra alto na segunda trave e Henry completa de primeira, pra dentro do gol, com o lado de dentro do pé, livre de marcação. França 1 X 0 Brasil. Placar final. O time de Parreira e Zagallo é mais uma vez derrotado em copa do mundo pela equipe de Zizu e cia.”
A campanha apresentada pelo time de Carlos Alberto Parreira, que se vocês quiserem chamar de “A Seleção Brasileira de Futebol 2006” é opcional de vocês, foi irregular mas muito previsível e lógica. Aliás, surpreendente mesmo foi a chegada do time de Terra de Diabólica Cruz (pois o Santa ficou pra lá com Luís Felipe Scollari e os lusitanos) nas quartas de final do mundial alemão: com demonstração de cansaço, desinteresse, moleza e peso, [oposto do time enérgico, ligado, eufórico e flutuante que chegou a ser assediado como favorito para chegar às finais da copa novamente] a esperança da torcida brasileira ficou naquele Sábado definhada e exposta como uma ressaca envergonhada.
Retrospectivamente em momentos próximos na recente memória do assistente de tevê e ouvinte de rádio brasileiro, lembramos que o time de Parreira em 1994 foi tetra-campeão em circunstâncias de certa sorte nas partidas, confiança profissional nos atletas, mau-desempenho de algumas seleções oponentes e vigor nos lances decisivos; mas nem por isso foi simples e desmerecida a vitória. Em 1998 o time de Zagallo foi um vice-campeão sim, contudo mais arrebatador e respeitado: em virtude de problemas com o então destaque do time no ataque – Ronaldo Fenômeno, o mesmo da camisa 9 atual, foi apresentado como tendo apresentado problemas convulsivos na véspera do jogo decisivo com a rival França do meia-atacante surpresa daquela copa – Zinedine Zidane, o idêntico camisa 10 hodierno, que marcou duas vezes na final e fraternizou mais ainda a pátria francesa com o futebol técnica. Em 2002, o time de Felipão jogou uma copa bem dura e inexoravelmente difícil, mas teve no técnico pulso e cabeça pra comandar a equipe disciplinada pra competir e livre pra jogar – cujo resultado houve na vitória que nos assomou o penta-campeonato.
Agora, retomemos o presente: o elenco de Parreira e Zagallo foi o que recebera as melhores condições de atuar – grandes jogadores, alguns ditos craques; momentos para haver treinamento em geral e entrosamento em campo do time; grupo “relativamente” mais fácil na 1ª fase; etc – mas demonstraram o cúmulo da incapacidade, da inexperiência, do pré-enaltecimento e do comodismo. A mídia contribuíra de toda forma imaginável para isto, ensoberbecendo os cartolas da CBF pelas volumosas e exageradas notícias, matérias, reportagens e especiais sobre a rota da seleção rumo ao hexa. Esqueceram-se das demais 31 seleções mundiais que lá estavam e só tinham atenção prum grupo de moleques que por alguma ironia, ilusão ou piada de péssimo gosto vestiram a camisa canarinho em representação da nação mal-amada, mal-honrada, mal-defendida e mal-expressa que ali figurativamente destampou-se para o mundo.
E o quadrado mágico, com os cracaços – Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano – e Ronaldo, cedeu sua brilhante popularidade ao triângulo comum, com os simplórios – Dida, Juan e Lúcio – os verdadeiros sobreviventes da masturbação midiática que as todo poderosas Globo e similares aprontaram, mas que jogaram lá o futebol humilde, seguro e eficaz que era o que realmente poderia levar o time ao estrelato, à final e até ao hexa-campeonato... quem dera...
Então, fica o ditado pros que apreciam o futebol: mais vale três bons defensores que instáveis quatro atacantes. O coletivo precede o individual. A realidade antecede a imagem. O jogo prescinde o comentário. A teoria sem ação nunca é práxis. E viva o povo brasileiro, que estuda, trabalha, inventa, progride...e ainda supera o lazer.. infeliz.
João Paulo Santos Mourão - 03/07/2006
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