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segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Conto de literatos: um por acauso luso-brasileiro



Tristhes Tzarismos Dada�stas

Machado de Assis e Eça de Queirós: observações em Memórias póstumas de Brás Cubas & O Primo Basílio

"Diálogo de gênios literais em sonho do autor"

- [...]"não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço(...)Naquele dia, a árvore dos Cubas brotou uma graciosa flor." Que tal te sês? Qüão garboso ou estúpido isso lhe é, ó colega Eça? Já o sabeis, hã?
- "Não lhe parece você que um tal trabalho é justo?(...)E todavia se já houve sociedade que reclamasse um artista vingador é esta!" ora, pois pois ó Machado: só tu que tens de humano o gesto e o jeito, qualquer o sendo te hás de apresentar sábio e poeta aos caçadores mofinos de tanta literatura brasiliana. Tenho-lho sabido.
- Abrandas, amigo, seu repente de ademanes caritativos e bajulantes. Já o têm feito alguns livreiros tendenciosos a meu lado. Vede a algo acá por vós, que eles teimam por inscriturar nos anversos das obras: "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), romance experimental, irônico e inovador, é tido como o marco inicial do Realismo no Brasil. Romance filosófico e moral, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" atinge, como poucas obras da literatura universal, um equilíbrio perfeito entre profundidade e diversão. Qual o quê!
- Bem calado fico, todavia, se acaso me exponhas ter vossa escrita algo com minha anterior, publicada em 1878, o romance O Primo Basílio, a qual se me corretamente memoro é dita ser uma análise muito bem realizada do comportamento na sociedade portuguesa de nossa época de fato...Reliteras comigo isto, o pá?
- Por óbvio; quisto o tenho lido desde os folhetins em jornais da capital, nossa Guanabara tão lusa! Contudo, receio que estais num pernóstico brinquedo lógico para com minha pronúncia diante de isto, ou me embaraço em estranhos pensamentúsculos?!
- Ah, louvável seja vosso irradiado percebimento; mas nem tratar-se-ia aqui de próprio júbilo, eis de modo assim a expressar nossa vis-a-revis proximidade em procedimento criacional, metodologias...Essas e outras cousas. Não mo tomes por malicioso, per obséquio!
- Te queixas em vão, não aborrecer-te-ei a mais. Posto qüão havidos permeios entre nossas pessoas, ofícios, nações e lingüajares, assentes comigo. Lastimosamente, caro nobre ibérico, estivera eu a falar-te em sobejado momento e calculo estar atrasado para a Academia de letras. Com sua generosa e amistosa, licença. Gracejemos em outras ocasiões, não te faças de sumiço pelo Cosme Velho, faze-me?
- Oh, tens mesmo de ir; eu também hei já de ter perdido a nau de hoje ao porto lisboneta. Creiamos que sim, em próximas idas e retornos por este fraterno Brasil firmo e prometo estar contigo!
[E os senhores dão-se aos cumprimentos, repõem os trajetos de longo caminho na rua dos Portugueses com a avenida de Brasileiros e opostificam-se aos poucos os rumos, cada qual em suas belas carruagens, uma puxada por cavalos castanhos, outra por cavalos dourados, em luxos equipotentes e de trote mesurado. Eu, à esquina, no Café do |Quincas & Maia|, ouvira estas dialogadas palavras...enfim, acordara com uma borboleta ao nariz e um litro vazio do bom vinho Santa Felicidade derreado].

João Paulo Santos Mourão
01/10/2006
tarde tropical sudorescente
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