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domingo, 22 de outubro de 2006

Época de ouro da música popular brasileira: 1940-50




Nesta primeira seqüência de letras musicais, os camaradas dos tempos modernos na cidade metropolitante de São Paulo:

O Ébrio

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
que embora tenham como eu seus sofrimentos
me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcôva de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
e nos parentes confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei!

Falsos amigos eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer à minha campa nem
uma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham
terminar
este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que
eu repousar
os ébrios loucos como eu venham depositar
os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
e suas lágrimas de dor ao peito amigo

Autoria: Vicente Celestino

Lançamento: setembro de 1936

Patativa
Vicente Celestino

Em B7 Em E7
Acorda patativa vem cantar
Am Em
Relembra as madrugadas que lá vão
B7 Em
E faz de tua janela o meu altar
Gb7 B7
Escuta a minha eterna oração


Em B7 Em E7
Eu vivo inutilmente a procurar
Am Em
Alguém que compreenda o meu amor
Am Em
E vejo que é destino o meu sofrer
Gb7
É padecer não encontrar
B7 (Em B7 Em)
Quem compreenda o trovador



E B7 E
Eu tenho n?alma um vendaval sem fim
B7
E uma esperança que hás ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
E
Para que acabe este meu sofrer


B7 E
Eu sei que juras cruelmente em vão
Db7 Gbm
Eu sei que preso tens o coração
Am E
Eu sei que vives tristemente a ocultar
B7 ( E B7 E)
Que a outro amas sem querer amar


Em B7 Em
Mulher o teu capricho vencerá
Am Em
E um dia tua loucura findará
B7 Em
A Deus, a Deus minh?alma entregarei
Gb7 B7
Se de outro fores juro morrerei


Em Am B7 Em
Amar que sonho lindo encantador
Am Em
Mais lindo por quem leal nos tem amor
Am Em
E tu vens desprezando sem razão
Gb7
A mim que choro e busco em vão
B7 Em
O teu ingrato coração

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Boêmio demodé
Nélson Gonçalves

F C7
Vou fazer uma seresta
F
Moderninha como o quem
C7
Misturar os tratamentos
F
Juntar o "tu" com "você"
C7
Eu não quero que me chamem
F
Um boêmio demodé.

C7
Com acordes dissonantes
F
Sem marquise, sem calçada
C7
Sem vulto de mulher amada
F
Na penumbra do balcão
C7
Seresta ultramoderna
F
Sem viola e violão

C7
Minha seresta
F
Nâo terá pinga na rua
C7
Não terá luar nem Lua
F
e nem lampião de gás
C7
Porque a lua
F
Nestes tempos agitados
C7
Já não é dos namorados
F
Romantismo não tem maís

C7
Minha seresta
F
Nesta era espacial
C7
Vai-se tomar imortal
F
Na voz daquele ou daquela
C7
Minha seresta
F
Vai ganhar placa de bronze
C7
Pois nem mesmo a Apollo 11
F
É mais moderno que ela.


A volta do boêmio
Nélson Gonçalves

Am Am/C Dm
Boemia, aqui me tens de regresso
Bm7/5- E7 Dm E7 Am Dm E7
E suplicante te peço a minha nova inscrição
Am Am/C G
Voltei pra rever os amigos que um dia
F F7 E E7
Eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu violão
Am Am/C Dm Dm/C
Boemia, sabendo que andei distante
E7 Dm E7 A7 A7/4 A7
Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Dm Bm7/5- E7 Am Am/C
Ele voltou, o boêmio voltou novamente
Bm7/5- E7 Am F E
Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar
Am Am/C G
Acontece que a mulher que floriu meu caminho
F F7 E E7
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração
Am Am/C G
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir
F F7 E E7
Meu amor você pode partir, não esqueça o seu violão
Am Am/C G
Vá ver os teus rios, teus montes, cascatas
G7 F F7 E A7/4 A7
Vá sonhar em nova serenata e abraçar seus amigos leais
Dm Dm/C E7 Am
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
Am Am/C Bm7/5- E7
De saber que depois da boemia
F7M Bb7M E7 Am
É de mim que você gosta mais
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