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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Crônica do 1º emprego

Crônica do primeiro emprego (perdido ou evitado?)

Uma ligação a meu telefone celular ontem à noite, de um nº desconhecido começa esta estória do cotidiano meu: era um colega repórter, questionando-me se havia algum interesse por meu lado em uma vaga de estagiário; disse-lhe que sim, desde que fosse pelo turno matutino - o que ele afirmou poder garantir que era. Assim, logo depois, explicou-me sobre o que viria a ser o tipo de emprego, numa fundação piauiense ligada a pesquisa técnica e acadêmica: eu deveria ficar num misto de assessoria de imprensa com jornalismo científico. Por mim, só em estar trabalhando em comunicação, contando o serviço na Carteira de Trabalho e Previdência Social, recebendo meu justo salário e não interferindo na minha conturbada vida estudantil, já estava de bom tamanho ou gosto.

A seguir, logo após ele desligar o fone, liga a empregadora, a futura chefia; indaga-me sobre o interesse no cargo, explica sumariamente o objetivo, as tarefas e os resultados esperados do empregado; pergunta-me ainda sobre minha situação universitária: qual o meu nível de formação no momento? Disse eu que era o sexto período. (Aqui abro um parêntesis: quanto à precisão da minha resposta anterior, não menti nem contei toda a verdade - em contagem de períodos, estou mesmo a seis períodos letivos, sendo de um semestre cada um, no curso; todavia, na contagem de blocos de disciplinas, ainda estaria pelo terceiro ou quarto período.) Perguntou-me se eu possuía conta bancária, o que eu confirmei com sim. E após mais algum papo de reconhecimento da minha pessoa, ela deu-se como que por satisfeita com a mini-entrevista invisível, apenas audível. Ela então assentiu verbalmente, pediu-me que ligasse confirmando com ela antes do meio-dia e lá no local de trabalho já comparecesse no dia seguinte munido de documentos comprobatórios de minha vida formal: certidão de nascimento, carteira de identidade, cadastro de pessoa física, carteira de trabalho e previdência social, comprovante de residência, currículo, histórico acadêmico e comprovante de matrícula. Elaborei tudo isto à noite, antes de arrumar uma roupa adequada para a entrevista e deixar tudo pronto para o dia seguinte ser profícuo.

Pela manhã, resolvi compromissos de estudo, encaminhei alguns negócios pendentes na agência bancária, liguei para a senhora da oferta de ofício à véspera; após três tentativas nas quais o telefone dela mostrava-se mudo ou ocupado, consegui ser atendido. Ela, enfim, combinou que eu fosse lá até às 13:30h. Fui. (...)Rápido, após alguns pedidos de informação ao policial de plantão - daqueles com o seu prato de almoço bem mexido pelos talheres, qual uma massa de construção civil - cheguei ao lugar. A moça recepcionou-me bem, mostrou o escritório, contou-me algo sobre as funções e finalidades da minha atuação ali, parecido com o explanado pelo dia de antanho, até - por último - conduzir-me à sala do diretor. Lá, sentamo-nos, ele ouviu-a falar sobre minha pessoa, o que ela fez com desenvoltura e interese em me auxiliar. Mas, ele perguntou algo inesperado por mim: se eu era formado ou formando? não, senhor, ainda estava no sexto período... Houve aquela mea culpa, aquela mea intenção de reprovar, mas sem a má vontade, apenas o erro de entendimento; ele falou pouco, eu tomei a iniciativa de pedir uma revista do grupo para estudar em casa, o que a senhora me deu.Fui saindo, ela dissera aí pra eu retornar no dia seguinte de manhã, para um teste. Voltei a casa, para almoçar e repensar a vida; imaginar algum futuro próximo, etc. entre outrossins. Logo, quando estou sobre a cama acabando de descalçar as meias, só de calça jeans e cueca, ouço ruído na escrivaninha do quarto: o meu telefone celular toca. É a senhora do emprego. Ela me enrola um tiquinho e depois diz que aquela vaga é para quem já é jornalista formado, infelizmente. Diz pra eu não ficar chateado, adverte ainda que pode me chamar quando pintar outra vaga pra alguém nas minhas condições, pede que eu fique em "stand by". Eu digo, monossilábico e secamente, que sim, que tudo bem, não tem problema, pode me ligar depois.

Ditado de hoje: o que vem fácil, vai facílimo. Nunca deixe para negar amanhã o que pode evitar hoje. Quem arrisca, sempre é mesmo isca. Mas, extraio ainda esta moral, menos boba: predestino é questão sem fuga; ou você faz, ou não teve nem o que fazer!
Fico por aqui, deixando o obrigado ao colega e, mais que isso, amigo que me oferecera a oportunidade em detrimento de si ou outrem; agradeço à senhora moça a qual me dera a chance de me apresentar; até ao sr. diretor implicante eu conservo o cumprimento e , para comigo mesmo, apenas lavo minhas mãos penso no próximo texto que vou escrever, que possa servir de exemplo para quem vocação ainda não tenha e acesse a esta experienciazinha. Que fazer? É a vida, e é feia ou bonita - mas, vida. Quem vivo está, morto não é portanto.

João Paulo Santos Mourão
01/02/2007
tarde sem palpites
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Um comentário:

J. disse...

percalços dessa vida, caro amigo... :)

mas enfrentemos!