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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Tem uma Cantoria de Repente a ecoar...

...aí fiquei foi com vontade de falar dessa modalidade musical tão irreverente!


Em projeto há pouco começado, fizemos uma colega e eu várias pesquisas, estivemos preparando entrevistas, gravações, notas, etc. junto à Casa do Cantador, sob os comandos do dr. Pedro Mendes Ribeiro, pessoa acautelada pela labuta séria junto da cultura cordelista e pelo trabalho já de longa data com o Festival de Violeiros; também fizemos visita à Fundação Nordestina do Cordel - FUNCOR, na pessoa de seu presidente Pedro Costa que inclusive é um dos titulares do Conselho Estadual de Cultura no Piauí, o qual fica sito ao prédio do Arquivo Público Municipal de Teresina, rua Coelho Rodrigues e bastante freqüentado por estudantes e professores.

Pedro Mendes Ribeiro assina na coluna de domingo do Jornal Diário do Povo-PI textos, ou motes, acerca da abrangência dessa Linguagem no Cordel: pois ela vai do Repente - marcado pelo improviso - ao Folheto - impresso por escrito e até ilustrado - passando pela Embolada - com melodia firmada na percussão em dupla -, até chegar ao Martelo Agalopado - explorado pelos Violeiros Sertanejos Norte-Nordestinos. Tudo explicado por um processo de Comunicação Simples e Popular.

Uma das ca[u]sualidades descobertas é que a Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí, ou Casa do Cantador, é a 1ª Biblioteca de Cordel e 1º Museu do Repente a existir - já que há mais de 30 anos realiza esse trabalho de coleta junto aos participantes do Festival que fora oficializado desde 1976 em Teresina no Teatro de Arena, com patrocínio desde o início do Armazém Paraíba e manutenção por coragem de seu empresário João Claudino Fernandes. Só em 2007, isso mesmo: ano passado!, foi que o governo estadual e municipal começou a auxiliar essa iniciativa cultural. Toda quarta-feira há o Encontro de Violeiros no local [Rua Lúcia, nº 1481/bairro Vermelha - fone 3211 6833].

Pedro Costa falou bem assim: "Não existe genialidade na literatura de cordel; há uma forma diferenciada de contar as estórias" Será? Acredito que não; pra mim o cordel é pra heróis do bem dizer e melhor embelezar do português matuto. Há até um projeto, o Cordel nas Escolas, ensinando essa "distração" às crianças e adolescentes de grupos escolares públicos do Piauí, com mais de 300 mil folhetos organizados em coletânea dos melhores 50 cordelistazinhos. Na Central de Artesanato Mestre Dezinho tem uma banca fixa com os cordéis mais famosos em circulação, bem no salão da entrada."Hoje não se vende literatura de cordel em feira!", reclama Pedro Costa. Daí ele ter juntado papel e gente há mais de 13 anos para impressão da revista De Repente, pra gente entender que "nem todo verso é cordel!"

Quem quiser saber mais sobre essa publicação, pode contactar através do endereço d'e-mail: derepente@bol.com.br [ou direto na sede à rua Correia do Couto, nº 2683 / bairro Parque Itararé - fone 3236 8620]

por João Paulo Mourão, direto da folia



E achei isto da maior valia para arrematar o fio da meada:
"No nordeste brasileiro, da Bahia ao Maranhão, do litoral ao sertão, encontram-se os violeiros e os poetas folheteiros. As mãos cheias de exemplares, poemas, trovas, cantares, feitas por esses artistas emboladores, repentistas e poetas populares." José Alves Sobrinho

LITERATURA DE CORDEL

Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos. São escritos em forma rimada. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados, geralmente, de viola. A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde são pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas e temas religiosos. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis de maior tiragem. É comum os autores criarem seus versos improvisadamente diante de um acontecimento ou uma pessoa que queiram homenagear. As formas variaram pouco ao longo do tempo.No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba e do Ceará. Costuma ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, é encontrada em feiras de produtos nordestinos. Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores. Na atualidade, Guaipuan Vieira é um autor de destaque. Nascido em 1951, no Piauí, o filho do poeta folclorista e indianista Hermes Vieira tem raízes da arte de versejar. Conviveu com o homem sertanejo na propriedade rural do pai. É poeta cordelista, xilográfo e radialista, filiado à ACI – Associação Cearense de Imprensa. É graduado em Teologia, pelo Instituto de Ciências Religiosas/CE – ICRE. Estudou Filosofia, é funcionário da Receita Federal e criou o Centro Cultural dos Cordelistas do Ceará – Cecordel. Com apoio de empresas privadas, criou a Banca do Cordel, hoje Banca Nacional do Cordel sendo, atualmente, seu presidente. Hoje, somam-se vários folhetos de cordel publicados com destaque nos jornais Diário do Nordeste, Tribuna do Ceará, Gazeta Mercantil e Folha de São Paulo. Em 2004, no Festival Internacional de Cantadores, em Quixadá – Ceará, foi outorgado pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel -ABLC, com a Medalha de Mérito pelo relevante trabalho prestado em prol da literatura de cordel no Ceará.
Fonte : Tribuna do Brasil

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Um comentário:

J. disse...

que maravilha deliciosa é o nosso cordel! :D