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terça-feira, 6 de junho de 2006

Literariedades momentâneas: cronistas de séc. XIX e XX





Alguma carta de Confissão a Machad’Assis e Vinícius de Moraes

Colegas, camaradantes, pretéritos em meus futuros; a vida continua: consegue ainda aquele poeta-prosador do povo, cercado de gente por todos aqueles seus pontos cardeais-cordiais, repleto de sem-saboria dos ignorantes – auto-intitulados sábios de hoje – a nos afrontar com sua pedância, sobreviver nesta zorra catastrófica?!
Vocês, a vocês digo, são devidos (a) todos os expressadores da linguagem brasileira um louvor, uma prece, um hino ou canção de reconhecimento: apesar de suas funções formais ou papéis habituais, são vocês os primeiros jornalistas de vanguarda em termos de crônica, do conto cotidiano, da estória do corriqueiro.

A Machad’Assis,[profeta da Academia de Letras para a plêiade brasileira já no séc. XIX] perguntaria se se pudesse ter com ele: - Como podes tu esmiuçar tantos detalhes, momentos de tamanha precisão da vida social sem ser notado, sem haver-se por descoberto? Vais às solenidades, festas, coquetéis, reuniões... e escreves àquilo tudo sem seres sabido por outrem; como fazer isso?! Dizes?
A Vinícius de Moraes, redubiataria: “Ô jovem senhor carioca-brasileiro dos meados de 1900 do século XX da era pós-nazarena: confessas aqui entre nossos contemporãos, quão inédito dom possuístes para te mimetizar entre as classes sociais, entre embaixadas e morros, entre escritórios diplomáticos e bares mundanos, entre burguesias internacionais e proletariados nacionais, e agradar a ambos, a todos, indiferentemente? Por que cargas e descargas transformas a ti em poeta e boêmio se eras agente profissional e sereno? Prelúdio em verve melancólica, intermédio em canção de serenata chorosa, posteridade em crônica metalingüística clássica, erudita, todaviamente assim também vulgar, popularesca. Qual a conseqüência e o motivado efeito a que te inclinas ao perambular malabaristicamente entre puros e profanos? Que coisas te bolem ao pensamento para contares essas histórias em tua obra, sem seres acossado nem tumultuado por insondáveis inimigos aí de igual modo disfarçados no vício do fumo, do álcool, do farrismo, etc... e sobra-te ainda fôlego e razão para dar conselhos aos leitores aguçados? Ensine-me à crônica, à aguda captação e ruminação do cotidiano contável!
Que vocês sejam lidos e recepcionados sempiterna e onipresentemente.

João Paulo
05/06/2006
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