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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Comunicação Universitária em tempos de paralisações grevistas

Ah, as paralisações e greves; processos sociais e políticos dignamente garantidos pela luta por justiça de muitos antepassados e alguns contemporâneos aos seres humanos das passadas, presentes, futuras gerações de cidadãos e cidadãs. Coisa linda de viver e aplaudir; seja em câmaras, senados, assembleias, tribunais, fóruns, praças, clubes sociais, e outros tantos locais de arregimentação de massas humanas...para o bem comum, sempre assim, não é mesmo?
No princípio, oba oba, corre corre, vamo que vamo, vambora vambora, já já... tudo parece conspirar junto e a favor, está todo mundo na "vibe" (como dizem repetitivamente uns colegas candidatos a poetantes da terra), no clima, no contexto, na dimensão, na ideia, na ação, em suma, na causa e na luta séria, compromissada.
Daqui a pouco, com o aparecimento de algumas adversidades, uns outrora muito à vontade pra fazer acontecer junto com seus pares e de peito aberto em arroubos de pseudomilitância, vão "trolando" (ainda pegando o gancho da rima daqueles poetantes citados), destruindo, minando, pelegando, esfriando, matando em suma o caráter verdadeiro de engajamento no movimento, repita-se, sério e compromissado em prol de se dedicar a outros problemas pessoais, familiares, profissionais, existenciais, enfim....esquecendo por completo dos problemas essenciais que motivaram e motivam todoas aqueles outros.
O que isso gera: desorientação e dispersão do movimento; e não precisa ser militante, politicólogo ou filósofo do poder para chegar a esta - que não é a única - ideia. Mas a constatação mesmo, e bem pior é esta: não existe um sequer movimento organizado dentro da universidade piauiense que não sofra com erros de poucos para o suplício de muitos. Não há, entendam-me, um comando pragmático-ideológico que não seja ofendido e abusado por indivíduos ou pequenas facções as quais engendram corruptelas, vícios e desgastes intencionais no processo. Isso sem comentarmos, obviamente, a ação de indiferentes mal intencionados, infiltrados, espias e agentes duplos, triplos....enfim, que já existem de praxe pra desintegrar os movimentos em seu princípio mesmo.
Outro detalhe da desmobilização, a meu entender, é que as pessoas com coragem, competência, atitude e compromisso de agir não mais estão observando, ouvindo, vendo, lendo, tocando, simpatizando, afiliando, aderindo, e principalmente, acreditando em alguns dos que compõem os movimentos; não só por antipatia pessoal, por inveja profissional, por ódio realizacional, por desinteresse em geral, ...não; estão desacreditados porque já estão fartos, cansados, carecas de saber quem são e o que fazem os falsos mandatários e os falsos representantes (também!). E já estão límpidos, nítidos, puros, plenos e sábios em sua convicção de que em movimentos assim, a radicalização é obrigação geral, não atributo ou qualidade exclusiva de determinadas parcelas pensantes ou cooptantes, como queiram, do movimento.
Nós não devemos ser obrigados a grevar da mesma forma, com as mesmas maneiras e modos de agir e pensar: isso sim é totalitarismo, facismo, nazismo, e não o trotskismo, leninismo, stalinismo, marxismo, engelismo... ou o washingtonismo, jeffersonismo, fordismo, taylorismo, keynesianismo, e tantos outros ismos, que só separam mais ainda as pessoas das formas de união que elas tanto precisam conseguir para realizar suas ações coletivas em prol, finalmente, do bem comum, familiar, pessoal, no bom sentido dos termos.
Contudo, uma questão reaparece instantaneamente: como tirar o movimento da cúpula dos povos representantes e trazer o enorme corpo de representados e representadas e outrem distantes, desinteressados, desacreditados, desarticulados, desacordados (esse último item, nos dois sentidos da palavra) para o movimento?
As desculpas e obstáculos apontados em intermináveis e cíclicas reuniões de comandos de mobilização estudantil, comandos locais de greve de professores, funcionários, coletivos de pesquisadores, associações de classe profissional, etc. ... são sempre as mesmas:
Ah... mas a comunicação está deixando muito a desejar; a informação está desagregada, o pessoal não está compreendendo nada. E se a gente não conseguir motivar e convencer as pessoas, ninguém aparece para organizar, ninguém se mobiliza, ninguém entende a reivindicação e tampouco repassa a mensagem ao grupo maior de convivas de classe ou meio. Aí o movimento, qualquer que seja, declina e destrói-se vergonhosamente. Vergonhosamente porque ele mesmo se aniquila, é autocensurado - para usar uma expressão que alguns colegas de jornalismo ambiental chamam no jargão de "podar-se". Quando você se poda, se mutila, se apodrece, a tendência é morrer.
Mas, sendo bem franco e tratando com frieza isonômica todas as boas iniciativas, como acreditar em estratégias de comunicação feitas por não comunicadores? Leiam-se aí jornalistas, publicitários e propagandistas, marqueteiros, assessores de imprensa, relações públicas, artistas de criação, etc. etc. etc.? Será que eles formam uma categoria desusada, estéril e desnecessária nesse processo de educomunicação?
Mas a esperança é a última que morre! Os provérbios populares são o que há de mais científico no mundo. Contrariando tendências, uma alma encorpada e de espírito ativo pode muito bem dizer isto de público, emitindo juízo de valor crítico - além de auto-crítico - informando essa concepção conjuntural local, aliás comunal ou grupal para ser mais específico.
E esta alma, que é humana e tem sentimentos, geralmente também é provida de bom senso e discernimento para evitar situações em que sua expressão seria preliminarmente oprimida, evitada ou rechaçada por quem saiba disto, dentre os já citados melindrosos "destruidores de movimento". Esta alma, que não é trouxa, o que faz?! Ela joga o jogo dos jogadores!? Ou em outras palavras, ela entra numa ciranda sem ser índio, ela entra numa roda sem ser quilombola, ela dança quadrilha sem ser branca brasileira?
Tsc TscTsc...: não, absolutamente não, entendam-me: ela faz o que um mineral, uma planta ou um animal ou qualquer outro ser deste planeta pode fazer para sobreviver e progredir: ela ajusta-se em sua conduta, ela adapta-se em seu comportamento, ela orienta-se em sua maneira de cientificar-se do mundo. Com isso, ela, distanciando-se (uma atitude científica, aliás) dos vícios e erros do sistema, pode pensar melhor em seu funcionamento holístico, e encontrar outras almas humanas que por outras vias também entenderam os vícios e erros do sistema. Logo, assim embasadas é tempo de ajudar e retomar de verdade o jogo, agora conhecendo as técnicas, as táticas, as estratégias, os blefes, as pistas e os truques. Aí sim, na minha compreensão, é possível jogar o jogo com quem já o joga de há muito e até com quem o inventou (pois já deu tempo chegar até esta alma também), mas não pela via "democrática" à brasileira e sim pela via social: a democracia do papel só copia o que o povo inventou ou inventa e se apropria, e os políticos discursam -sejam de qual partido forem (e mesmo os mais radicais, moderadores ou conservadores que estejam reticentes aqui, façam seu autoexame de consciência, porque eu o fiz, e o faça sem compromisso de assumir isto publicamente, mas faça, faça para consigo, no seu íntimo, faz bem à sua saúde intelectual e até biopsicossocial).
Torço para que os movimentos que espoucam atualmente dos movimentos estudantis primaristas, secundaristas, terceiranistas e de servidores brasileiros em geral tenham a sua própria filosofia, mas que eu possa ter expressado minha maneira de entender essa revolução nas escolas e ver se o povo realmente a fará nas ruas; pois só o povo é sábio e bastante em si o suficiente a emanar poder verdadeiro, sincero, legítimo, legal e truístico de proporções gerais, nacionais e internacionais. Os direitos humanos sim, para os humanos direitos; mas direitos não no papel, não no oficial; direitos na vida real, na realidade quotidiana de carne, osso e pressões por todos os lados.
Esse movimento precisa de comunicação alternativa, de alternativas de comunicação, ou será cegado, ensurdecido, emudecido e insensibilizado zigóticamente.


As Lamúrias de Sempre: 


Ah...
O celular quebrou;
a tela do mídia player pifou.
A câmera quebrou;
a tela do mídia player pifou.
O computador quebrou;
a tela do mídia player pifou.
Recuse; refute; resista; reaja!


Ah de que adianta! Fazer comunicação assim...
O pessoal fica todo pelegando, rebolando por aí, ninguém faz nada!


Que pessoa sois vós? Que pessoas são eles/elas?
Que universidade é esta, que universidades são estas?


Pegue um bloco de papel, registre isto!
Junte uma, duas ou três pessoas, pense coletivamente; isso não é crime nem tira pedaço!


Fortalecer o movimento conscientemente, ter conteúdo em essência e existência!
Arrotar educação é fácil, fácil; fazer e mostrar é que é preciso.
Movimente-se com razão, ação e emoção; atinja a prerrogativa de realizar o sonho verdadeiro.



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