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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Série Caro torquato - texto 04

Caro Torquato (sem numerância e sem pré-datismo) mas é IV

Caro Torquato,

A verdade é que me sinto um eremita na multidão densa e fluída e em expansão.
A mentira é que as desejo, as mulheres mundanas como a mim, demasiado e exagerado.
Uma meia verdade meia mentira é que cheguei ao ascetismo de respeitá-las em meu coração.
Uma meia mentira meia verdade é tal qual as mansas eu amo as arredias e infilosofadas.

Conluei-me a santos, anjos, religiosos e pensadores/as;
Irmanei-me a diabos, demônios, céticos e ignoratizadores/as;
Envergonho-me dos desencaminhares e descompromissarres na fé iluminada racionalmente;
Encontrito-me das faltas, falhas, erros adolescentes, maus pensares, repensares e agires.

Perdi amizades, deixei de fazer amizades, desconsiderei amizades, evitei-me e apartei-me de amizades.
Ganhei inimigos, celebrei inimigos, construí inimigos, banqueteei-me e embebedei-me com inimigos.
Mas vivi, senti, existi e fui minha casa, meu lugar, minha cidade.
Porém vivi, senti, existi e fui minha gente, meu povo, meus convivas.
Contudo sensibilizei, mobilizei, arquei, suportei e sublimei ódios, males, vinganças, etc.
Todavia sensibilizei, mobilizei, arquei, suportei e sublimei cálculos, morais, artifícios.

Mas essa sina de sectário de anjos tortos e demos rectos nada nos aproximou.
É preciso ser vivo, estar vivaz, mostrar-se vivente, inserir-se convivente neste mundano ato.
Estou mais vivo que dantes, apesar da tristeza insuperável e desconfiança geral da geleia.
Seja ela clara, gema, gêmula,... seja ela gosma, pus, excreta, ectopum, descasque,...

Incrédulo perante as oportunidades vadias que me tentam e seduzem, as rejeito.
Impassível durante as intempéries sombrias que me atentam e reduzem, as resisto.
Incontinenti e inexorável e inefável: maldito, ao grande público; castiço, a meus anseios.
Incompletude e intransigência é o que me rege, meu credo teoremático e pragmático.

Estou virando um ser inclassificável, camaleão confundido à própria deriva de suas cores.
Palhaço sem rechaço nem aplauso em picadeiro imaginágio e sob lonas invisíveis.
Homem em busca da razão de ser da fé inabalável na iluminação humanística.
Irmão de olho e a ouvidos a saber se o esforço em tal promessa vai servir a outrem.

Minha cidade, de Teresina reporto-me, está como que em bandeja e entregue ao léu.
Meu povo, piauiense quero dizer, degringolado pelos gringos de dentro do Brasilzão mesmo.
É o Kaos quase com K que o jovem Jorge Mautner prenunciara, em pleno século XXI!
É o pré-fim de uma era, de um meio humano meio a meio com um meio artificialóide.
É e está parecendo próximo o adeus de uma pátria dentro de uma mátria.
É o Piauí morrendo à míngua e sem asilo no Brasil.

Cambio perigo. cambio perigo.
...

JPSM

Fev-2013
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