Caro Torquato (sem numerância e sem pré-datismo) mas é IV
Caro Torquato,
A verdade é que me sinto um eremita na multidão densa e
fluída e em expansão.
A mentira é que as desejo, as mulheres mundanas como a mim,
demasiado e exagerado.
Uma meia verdade meia mentira é que cheguei ao ascetismo de
respeitá-las em meu coração.
Uma meia mentira meia verdade é tal qual as mansas eu amo as
arredias e infilosofadas.
Conluei-me a santos, anjos, religiosos e pensadores/as;
Irmanei-me a diabos, demônios, céticos e ignoratizadores/as;
Envergonho-me dos desencaminhares e descompromissarres na fé
iluminada racionalmente;
Encontrito-me das faltas, falhas, erros adolescentes, maus
pensares, repensares e agires.
Perdi amizades, deixei de fazer amizades, desconsiderei
amizades, evitei-me e apartei-me de amizades.
Ganhei inimigos, celebrei inimigos, construí inimigos, banqueteei-me
e embebedei-me com inimigos.
Mas vivi, senti, existi e fui minha casa, meu lugar, minha
cidade.
Porém vivi, senti, existi e fui minha gente, meu povo, meus
convivas.
Contudo sensibilizei, mobilizei, arquei, suportei e sublimei
ódios, males, vinganças, etc.
Todavia sensibilizei, mobilizei, arquei, suportei e sublimei
cálculos, morais, artifícios.
Mas essa sina de sectário de anjos tortos e demos rectos
nada nos aproximou.
É preciso ser vivo, estar vivaz, mostrar-se vivente,
inserir-se convivente neste mundano ato.
Estou mais vivo que dantes, apesar da tristeza insuperável e
desconfiança geral da geleia.
Seja ela clara, gema, gêmula,... seja ela gosma, pus,
excreta, ectopum, descasque,...
Incrédulo perante as oportunidades vadias que me tentam e
seduzem, as rejeito.
Impassível durante as intempéries sombrias que me atentam e
reduzem, as resisto.
Incontinenti e inexorável e inefável: maldito, ao grande
público; castiço, a meus anseios.
Incompletude e intransigência é o que me rege, meu credo
teoremático e pragmático.
Estou virando um ser inclassificável, camaleão confundido à
própria deriva de suas cores.
Palhaço sem rechaço nem aplauso em picadeiro imaginágio e
sob lonas invisíveis.
Homem em busca da razão de ser da fé inabalável na
iluminação humanística.
Irmão de olho e a ouvidos a saber se o esforço em tal
promessa vai servir a outrem.
Minha cidade, de Teresina reporto-me, está como que em bandeja
e entregue ao léu.
Meu povo, piauiense quero dizer, degringolado pelos gringos
de dentro do Brasilzão mesmo.
É o Kaos quase com K que o jovem Jorge Mautner prenunciara,
em pleno século XXI!
É o pré-fim de uma era, de um meio humano meio a meio com um
meio artificialóide.
É e está parecendo próximo o adeus de uma pátria dentro de
uma mátria.
É o Piauí morrendo à míngua e sem asilo no Brasil.
Cambio perigo. cambio perigo.
...
JPSM
Fev-2013
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário