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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Diálogo surreal Citadino 1 e 2 (bonus track)


?¡¦…!¿

diálogo surreal citadino 1

DIÁLOGO SURREAL CITADINO (1)


O poste parou, pensou e falou para o cano:
 “muita água ainda para rolar?”

E o cano, na ponta da língua, respondeu:
 “tanta quanto a que rola na hidroelétrica, mas sem fiação que a aproveite por todos os lugares!”

A pedra de calçamento, ouvindo a conversa, pensou em voz alta:
 “no final tudo volta ao pó.”

O tijolo, que assistia a toda a prosa silencioso, refletiu consigo e comentou aos demais amigos:
 “no fundo, sem nós e sem nossas obras, talvez não se concebesse a urbanidade.”

E o gás, ali embotijado no subsolo, devaneou:
 “o progresso eu acompanhei, para evitar a morte das árvores; mas eu mesmo trago um pouco das finadas florestas e matas pré-históricas ... e de animais pré-históricos ... e até os pré-humanos!”

Mas o telefone público, na sua sabedoria, explanou:
 “todos nós, cada um em sua linha de condução, temos nossa função social e importância para o futuro da humanidade.”

O relógio da praça, com um leve acelerar no compasso dos ponteiros, cogitou para consigo próprio: “eles mudam de forma e de lugar, mas sempre pensam o mesmo!”

o mesmo

João Paulo Santos Mourão / 2012.

amo o amor e ao mesmo tempo odeio - diálogo surreal citadino 2

(abre-se a caixa de diálogos...)

-- estudando muito, tudo?
vc é fãzona assim de foto tb quanto de música?

-- demaaaaaais
umrum

-- é...estudar arte e estudar pessoas, para viver culturalisticamente; nao é mole não moça.

-- eu amo o amor
e ao mesmo tempo o odeio

-- "ganhar dinheiro com poesia"; às vezes o Vinícius nos ensina com uma frase!

-- eu amo as pessoas e ao mesmo tempo as perfuro

-- porque que a gente é assim!?

-- eu quero rasgar meu cérebro como se fosse um papel velho
cheio de anotaçoes e borroes
ter dado um tiro no pé
a 11 meses atrás
que era pra nao conseguir andar, durante todo esse tempo
e poupar a dor que eu sinto agora

-- se seu coração está leve e sereno, seu cérebro está pesado e confuso ou o inverso... é sempre essa jogatina capital!
somos a moeda do amor
ele apenas nos usa
mas temos de nos dar e doar valor em amor, doutra maneira
e sermos autênticos
isso dói e dá reviravoltas
mas amar sempre é um jogo, nao podemos nos mutilar, nos degringolar ou nos remorsarmos; seríamos cúmplices da vaidade ou do erro do amor
ame e ame mesmo; ame e volte a amar; ame e deixe amar!
você também sofre tanto quanto quem se faz sofrer; as pessoas precisam entender os momentos umas das outras, isso é amor!
mas eu também nao gosto de falar como se fosse um boticário com receita de bolo de amor coraçãozinho frufru; o amor é mais real que qualquer outro sentimento, dele derivam vários

aliás, derivar é noção tb muito matemática
e amor nao é coraçãozinho piscando e virando equações de familiazinhas felizes e amorosas em adesivos de párachoque, ou vitrines de boutiques
amor é atitude e presença de espírito
amor é arte!

-- amei


-- pois é: amar/odiar, tem sempre sentido!
mas as atitudes harmonizam, algum momento; e a gente sente
o que é melhor para amar
as pessoas amadas se sentem, como almas ou seres gêmeos porém opostos

-- ando muito angustiada
;/

-- nós minha cara, nós;
eu me associo à sua angústia
porque perdi muito núltimos tempos para achar respostas simples ou não, mas respostas
por sorte ou destino ou acaso ou não, achei algumas perdi outras que andavam quase próximas
mas só quem nos responde somos nós; alguém pode até auxiliar
ou dar conselhos amorosos ( argh!) mas só você se entende tão bem consigo e por si mesma


-- eu tenho que ir
vou fazer uma cançao sobre nossa conversa


-- fique bem! escreva sobre isso!
esteja sempre à vontade!
e bons estudos!

(fecha-se a caixa de diálogos e salva-se o pensamento)


(de/com/por/para Cami Rabêlo, ativista cultural, "poetinha", compositora e cantora inspirada, além de uma das idealizadoras do endereço eletrônico Agenda Cultural The entre outras qualidades...)

J.P.S.M. NOV/2012

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